terça-feira, 14 de junho de 2011

Imprensa: «A Dama do Lago»

«A personagem do detective particular Philip Marlowe é um clássico do policial, dividindo o Panteão com Poirot e Sherlock Holmes. Raymond Chandler (1888-1959), que lhe deu vida em 1934, fez bom uso da tradição britânica do romance noir. Natural de Chicago, Chandler viveu na Irlanda e na Inglaterra dos 6 aos 24 anos, tendo sido em Londres que publicou as suas primeiras obras. Reverenciado por Dashiell Hammett, Evelyn Waugh, W. H. Auden, Joyce Carol Oates e outros do mesmo calibre, tornou-se há muito um autor de culto. Humphrey Bogart, que imortalizou Marlowe no cinema, também ajudou.

"A Dama do Lago" (1943) é um dos nove livros de Chandler em que Marlowe pontifica. Talvez não seja uma obra-prima como "The Big Sleep" (1939), mas é deveras subtil na forma como arrasta o leitor atrás das duas mulheres louras e jovens que, sem motivo aparente, abandonaram os respectivos maridos. Como de regra a prosa é um exemplo de virtuose: "San Bernardino cozia e tremeluzia sob o calor da tarde. O ar estava suficientemente quente para criar bolhas na língua." Decerto não por acaso, o desaparecimento de Crystal, mulher de Mr. Kingsley, ilumina o de Muriel, mulher do caseiro. O que aconteceu de facto na barragem do lago Puma?»
Eduardo Pitta, revista Sábado

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