segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Crítica de leitor: «O Longo Inverno»

«A vida de Lina muda na noite em que a polícia soviética invade a sua casa. Sonhos e esperanças desvanecem-se para dar lugar à simples luta pela sobrevivência ao longo de uma penosa viagem rumo à Sibéria onde, condenados por crimes que eles próprios mal conseguem conceber, Lina, a mãe e o irmão, juntamente com muitos outros incluídos nas infames listas, se verão obrigados a trabalhar em condições menos que desumanas... ou a deixar a vida ao frio e à fome. Esta é a história de um primeiro Inverno, de uma luta contra indiferença e crueldade, de um testemunho contra o silêncio dos homens e dos tempos. A história de uma rapariga, mas que poderia ser a de tantos outros...

É impressionante a forma como a crueldade - por actos ou por omissões - se reflecte na história de Lina e dos que a rodeiam. Impressionante particularmente pela forma como a autora constrói esta história (que, sendo ficção, se baseia em testemunhos reais), na voz de uma protagonista que, tendo apenas quinze anos, estabelece, no contraste entre a brutalidade de cada dia e a sua inocência e as certezas da juventude, um percurso devastador.
A escrita é simples e directa, reflexo da personalidade da rapariga que nos narra a história. Para Lina, tudo o que vê é certo e, quer na crueldade, quer nas (poucas) acções generosas com que convive (principalmente da parte dos seus carcereiros), é o sucedido que importa relatar. Não há, portanto, grandes divagações ou elaborações, mas simplesmente os acontecimentos tal como teriam sido e as emoções com todo o impacto do momento. Há, pois, um evidente contraste entre a simplicidade do testemunho e a complexidade da situação e é precisamente este contraste que faz deste livro uma obra tão marcante.
Apesar das aparentes certezas da protagonista, nada neste livro é a preto e branco. Cinzento é o ambiente que os rodeia, cinzento o âmbito das decisões dos que têm esse poder (sendo esta ambiguidade particularmente evidente em Kretzky), cinzento o equilíbrio entre uma esperança ténue e um desespero que ameaça suplantar todas as possibilidades. Nada nem ninguém neste livro é simplesmente aquilo que parece ser e, apesar da aparente simplicidade do relato, há tanto mais reflectido nas pequenas situações, nas atitudes e nas palavras mais simples que, entre bem e mal, esperança e desespero, vida e morte... tudo é uma escala de tons e de possibilidades. Há, portanto, uma conjugação perfeita entre o conteúdo e o título original deste livro - Between Shades of Gray.
Importa, por último, referir o final deste livro. Numa história onde as pequenas linhas de esperança são tudo o que há para suster o apego à vida, fica a impressão de algumas perguntas sem resposta, numa conclusão um pouco brusca. Conclusão que, apesar de tudo, faz sentido, uma vez que é o tal "primeiro Inverno", com todas as suas provações, o ponto fulcral deste livro. Seria interessante, ainda assim, depois de tantas demonstrações de amor e lealdade em tempos de desespero, ver quanta da esperança era acertada e quantas promessas foram cumpridas.
Fica, pois, desta leitura, o impacto de uma obra que reflecte a crueldade humana num dos seus pontos máximos, mas também o afecto e a solidariedade quando um pequeno gesto basta para mudar tudo. De leitura compulsiva, emocionalmente devastador e com um poderoso contraste entre inocência e indiferença, um livro impressionante.»
As Leituras do Corvo

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ofereça livros neste Natal

Um livro é um dos melhores presentes que se pode oferecer no Natal.
A Contraponto apresenta algumas sugestões de livros para oferecer aos seus familiares e amigos:

 

 

 


Para os mais pequenos:

 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Imprensa: «O Longo Inverno»

«Degredo na Sibéria

É uma página esquecida da História, das repúblicas bálticas, Lituânia, Letónia e Estónia, anexadas pela URSS, na sequênci da partilha feita com o Reich alemão, em 1941. Ruta Sepetys, nascida no estado de Michigan, é descendente de refugiados lituanos e dispôs-se a recuperar a memória do calvário que milhares de pessoas padeceram ao serem deportadas para a Sibéria. Recolheu inúmeros testemunhos e teceu uma história exemplar desse tempo, quando os sicários de Estaline prenderam homens, mulheres e crianças, na sua maioria pertencentes às classes profissionais e cultas, medida que qualquer regime totalitário não descura para inviabilizar que no tecido social permaneça um módico de inteligência. A vida no gulag, o "arquipélgado" da infâmia, está hoje em dia bastante bem documentado. Mas ainda há histórias para contar, e não só naquela parte do mundo. Elegendo a vida de uma família, a autora sintetiza uma vivência feita de horrores quotidianos, pequenos e grandes gestos de abnegação, coragem e destemor face às condições de cativeiro, num ambiente e clima inóspitos. A jovem de 16 que toma a condução de O Longo Inverno (Contraponto, tradução de Susana Sousa e Silva) recolhe, sobrevive e testemunha a vida de quem já não existia enquanto humanidade de pleno direito. "Existiam milhares de pessoas como nós, quase todas morreram", escreve a protagonista desta versão romanceada do período negro. "Este testemunho foi escrito para que haja um registo completo, para poder falar num mundo onde as nossas vozes foram silenciadas".»
Revista LER

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Preview - «Sangue Quente»

Em 2012 a Contraponto publica este livro:


que está a ser adaptado ao cinema pela Summit Entertainment, a mesma produtora dos filmes da Saga Twilight, e já foi divulgada a primeira imagem promocional do filme:



A história:
R é um jovem com uma crise existencial – ele é um zombie. Ele vagueia por uma América destruida pela guerra, pelo colapso social, e pela fome desmesurada dos seus companheiros mortos-vivos, mas ele anseia algo mais que sangue e cérebros. Ele pode falar somente algumas sílabas grunhidas, mas a sua vida interior é profunda, plena de maravilha e desejo. Ele não tem quaisquer memórias, nem identidade, nem pulsação, mas tem sonhos. Depois de vivenciar as memórias de um menino adolescente ao consumir o seu cérebro, R faz uma escolha inesperada que começa com um tenso, desajeitado, e estranhamente doce relacionamento com a namorada humana da vítima. Julie é uma explosão de cor no meio da sombria e cinzenta paisagem que cerca R. A sua decisão de protegê-la vai transformar não apenas R, mas também o seu companheiro Morto, e talvez o seu mundo inteiro. Assustador, divertido, e surpreendentemente pungente, Sangue Quente é sobre estar-se vivo, estando morto, e a linha obscura entre os dois.