quarta-feira, 18 de julho de 2012

Crítica de Leitor: «A Estranha Viagem do Senhor Daldry»

«Durante um passeio com amigos, Alice é desafiada a consultar uma quiromante. Não é que Alice acredite nessas coisas, mas as palavras da vidente, com as suas indicações aparentemente impossíveis e a indicação de uma viagem a lugares distantes para encontrar o homem que mais importa na sua vida, acabam por se entranhar nos seus pensamentos, como se relacionadas com os pesadelos que lhe atormentam as noites. Assim, Alice vê-se dividida entre a sensação de que algo falta na sua vida e um lado racional que lhe diz que está a dar atenção a coisas irrelevantes. Mas o seu convívio com o vizinho, o estranho e um pouco amargo senhor Daldry, acaba por lhe dar os meios para seguir as pistas deixadas pela vidente. E a busca começa, tanto pelo homem da vida de Alice, como de novas ideias para o seu trabalho, como ainda de respostas para um passado bem diferente do que Alice julga conhecer. E uma das respostas que procura pode estar bem mais perto do que ela julga...


Construída de forma simples e com vários momentos enternecedores, este é um livro que surpreende pela forma como conjuga uma escrita directa, mas envolvente e com um lado emocional bastante cativante, com uma história que mistura um conjunto bastante inesperado de elementos, sem perder de vista a relevância das coisas simples. Esta é a história de uma viagem e, portanto, são necessários alguns desenvolvimentos a nível do local de destino, mas o autor desenvolve-os na medida em que são relevantes para a história, fazendo incidir sobre Daldry e Alice o protagonismo que lhes é devido. Alice parte com três objectivos diferentes, mas a sua busca de respostas para elementos tão distintos nunca coloca um aspecto acima dos outros. Há descrições interessantes da investigação de Alice junto dos perfumistas. As revelações do passado de Alice surgem de forma gradual, mas sem que este perca a relevância ao longo do enredo. (Este aspecto, aliás, culmina numa revelação particularmente enternecedora). E a busca pelo homem da vida de Alice equilibra, nas medidas certas, os sinais de uma relação que cresce gradualmente com os passos de uma procura que nunca se sobrepõe em demasia aos outros objectivos.

Não é difícil prever a conclusão para o lado romântico desta história, mas a forma como o autor a desenvolve faz com que esta continue a ser cativante, mesmo quando já é possível adivinhar parte das respostas para as perguntas de Alice. Além disso, a relação entre os dois viajantes e destes com as pessoas que encontram proporciona também momentos bastante interessantes, apresentando também personagens mais secundárias, mas com um papel importante a desempenhar e alguns momentos divertidos a que dar origem.

Esta é, pois, a história de uma demanda por várias respostas, uma história que, apesar de conjugar os diferentes elementos de uma busca complicada e os inevitáveis fardos do passado dos protagonistas, nunca perde a tocante simplicidade que a torna tão cativante. É uma história simples, no fundo, feita mais de pequenos momentos que propriamente das grandes surpresas. Mas é provavelmente essa simplicidade reconfortante, baseada na esperança de que talvez, apenas talvez, as respostas existam e conduzam a um final feliz, que torna tão enternecedora esta estranha viagem. Gostei.»
As Leituras do Corvo
 

2 comentários:

cris disse...

É o próximo da minha lista e já sei que vou adorar, não fosse escrito pelo Marc Levy. Ainda tenho bem presente o último que li dele, Ladrão de Sombras. Simplesmente maravilhoso. Recomendo.Boas leituras,
Cris

Anónimo disse...

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